sábado, 22 de dezembro de 2012
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
CONHEÇA TÁSSIO FERREIRA, AUTOR DE VIRGÍNIA, TEXTO QUE ABRE O CICLO DE LEITURAS DRAMÁTICAS DO NOVA DRAMATURGIA

De acordo com
site do Teatro Nú, em seu catálogo de dramaturgos baianos (link: http://goo.gl/qIguL)
Tássio Ferreira
é natural de Salvador – Ba (1989), DRT-Ba 3658, atualmente é Pós-Graduando em
Arte na Educação pela FAAC. É aluno especial do mestrado em artes cênicas pela
PPGAC/UFBA. É licenciado em Teatro pela Universidade Federal da Bahia e
Professor de Teatro concursado pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia.
Ator, Diretor, Dramaturgo e Professor de Teatro. É Diretor Artístico e fundador
da Companhia de Teatro Hedônicos. Investiga na Cia de Teatro Hedônicos uma
metodologia de Preparação de Ator baseada na Memória Corporal, a partir dos
princípios de Meyerhold, Eugênio Barba, Laban e Jacyan Castilho. Tem em sua
formação o curso de Extensão de Iniciação a Dramaturgia – Grupo Dramatis de
Teatro (CNPQ/UFBA), ministrado pelo Prof. Dr. Marcos Barbosa. Do curso surgiu a
peça Cipriano, a qual integrou o Minifestival de Dramaturgia “Quatro Cravos
para Exu”, com a publicação do livro de igual título e a encenação das peças no
Teatro Gamboa Nova em 2009.O repertório da Cia de Teatro Hedônicos, com direção
de Tássio Ferreira, é composto pelos espetáculos: “Cipriano” (Espaço Cultural
Raul Seixas – 2011), “Vassoura Atrás da Porta ou Quarto Número Nada” (encenado
nos teatros: Café Teatro Zélia Gattai, Espaço Cultural Raul Seixas, Teatro
Gamboa Nova – 2010), “Campo de Concentração” (Teatro Caballeros de Santiago –
2009). Como Professor de Teatro, tem experiência com oficinas de Iniciação à
Dramaturgia, Preparação de Ator, Jogos Teatrais e Dramáticos para crianças e
adolescentes e Mitologia Africana.
Contato: tassio15@hotmail.com / ciadeteatrohedonicos@gmail.com /www.ciadeteatrohedonicos.blogspot.com
OBRAS: (algumas disponíveis para download - acesse o link)
A Carta para o dia de Hoje (2011)
Porta pro Infinito (2011)
Interlúdio (2010)
Campo de Concentração (2008)
O Mesmo Espelho (2008)
domingo, 16 de dezembro de 2012
Teatro de Arena Eugênio Kusnet na Consolação - Venha conhecer um pedaço da história do teatro brasileiro

O Teatro de Arena de São Paulo (ou somente Teatro de Arena) foi um dos mais importantes grupos teatrais brasileiros das décadas de 50 e 60. Inicia-se em 1953 tendo promovido uma renovação e nacionalização do teatro brasileiro, sua existência termina em 1972. Em seu palco, de cerca de 90 lugares, hoje Teatro de Arena Eugênio Kusnet apresentaram-se espetáculos de importantes diretores e dramaturgos brasileiros como José Renato Pécora, Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri.
História
Mais que um grupo ou uma companhia, o Teatro de Arena foi fundado na cidade de São Paulo, em 1953, como uma alternativa à cena teatral da época. A intenção de um dos seus fundadores, o ator e diretor teatral José Renato, advindo da primeira turma da Escola de Arte Dramática de São Paulo era apresentar produções de baixo custo, em contraposição ao tipo de teatro que se via praticado pelo TBC – Teatro Brasileiro de Comédia, (um repertório iminentemente internacional, com produções sofisticadas).
Em 1953, com o primeiro elenco profissional, a companhia estréia nos salões do MAM – Museu de Arte Moderna com Esta Noite é Nossa, de Stafford Dickens. Integram a companhia: José Renato, Sérgio Britto, Henrique Becker, Geraldo Mateus, Renata Blaunstein e Monah Delacy. Após dois anos de atuação em espaços improvisados, a sala da Rua Theodoro Baima, no centro da cidade, em frente a Igreja da Consolação, uma garagem adaptada, foi inaugurada em (1955).

Augusto Boal, recém chegado dos Estados Unidos, foi o diretor e dramaturgo central neste processo. A partir daí, além de buscar uma dramaturgia nacional, passou a incentivar a nacionalização dos clássicos. Nessa fase o Arena passa a contar com a colaboração assídua de Flávio Império na criação de cenários e figurinos.
A fase seguinte foi a dos musicais, com forte influência do teatro de Bertolt Brecht, com espetáculos como Arena conta Zumbi e Arena conta Tirandentes, ambos de Boal e Guarnieri, utilizando o que foi chamado por Boal de sistema coringa de atuação, em que todos os atores revezavam-se representando quase todos os personagens, sem caracterização. A forte repressão da Ditadura Militar instaurada a partir de 1964, que culmina com o Ato Institucional nº 5, o AI-5, impedem a continuidade destas experiências.
A fase seguinte foi a dos musicais, com forte influência do teatro de Bertolt Brecht, com espetáculos como Arena conta Zumbi e Arena conta Tirandentes, ambos de Boal e Guarnieri, utilizando o que foi chamado por Boal de sistema coringa de atuação, em que todos os atores revezavam-se representando quase todos os personagens, sem caracterização. A forte repressão da Ditadura Militar instaurada a partir de 1964, que culmina com o Ato Institucional nº 5, o AI-5, impedem a continuidade destas experiências.
Uma das últimas atividades da companhia, foram com experiências como o Teatro Jornal. A trajetória do Arena é interompida pela Ditadura em 1972.
Teatro de Arena Eugênio Kusnet na Consolação
Rua Doutor Teodoro Baíma, 94 - Bairro Consolação - São Paulo - SP
CEP: 01220-040
(11) 3256-9463
Rua Doutor Teodoro Baíma, 94 - Bairro Consolação - São Paulo - SP
CEP: 01220-040
(11) 3256-9463
Fonte: Wikipedia
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
VIRGÍNIA - LEITURA DRAMÁTICA
Tássio Ferreira
Natural de Salvador-BA. Dramaturgo, Ator e Diretor. Licenciado em Teatro pela Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Pós-Graduado em Arte na Educação pela FAAC e Professor de Teatro da Secretaria de Educação do Estado da Bahia. Escreveu 10 peças, sendo “Cipriano” o maior destaque, a qual foi publicada no Livro “Quatro Cravos Para Exu”. Suas pesquisas de graduação e pós-graduação investigam uma metodologia específi ca de ensino de dramaturgia nas escolas. É Diretor Artístico e fundador da Companhia de Teatro Hedônicos, na qual encena seus textos.
Christian Duurvoort
É preparador de elenco para cinema e Tv, ator,
diretor e pesquisador atuando a 25 anos na área cultural. Reside atualmente à
cidade de São Paulo. Seus estudos foram realizados nas escolas Amsterdams e
Mimeschool na Holanda, na École de Théâtre Jacques Lecoq em Paris, e no Atelier
de Préparation Corporelle de l’Acteur de Monika Pagneux, também na cidade luz.
Foi professor convidado da Escuela Internacinal de Cyne y Televisión de Cuba,
realizou workshops para o CNAC em cidades da Venezuela como Caracas e
Maracaibo, foi jurado do Festival de Cine Venezuelano em Mérida e realiza
cursos livres na Academia Internacional de Cinema em São Paulo e no Gafanhoto,
SP. Nesses 25 anos de carreira estão entre seus trabalhos que mais se destacam
a preparação de elenco para filmes como Xingu de Cao Hamburger; Cidade de Deus,
Ensaio sobre a Cegueira ambos de Fernando Meirelles, Noel Rosa, Poeta da Vila
de Ricardo van Steen, O Banheiro do Papa de César Charlone e Enrique Hérnandez,
Cidade dos Homens de Paulo Morelli, Plastic City de Yu Li Kwai, Os Capitães da
Areia de Cecília Amado, A Via Láctea de Lina Chamie, Não por Acaso de Phillipe
Barcinski, Nosso Lar de Wagner de Assis.
Nos seus 30 anos de atuação em cinema e teatro e a partir de
experiências e pesquisas, Duurvoort aborda a técnica de interpretação e de
direção de atores no cinema a partir do método por ele criado e denominado Ator
Imaginário. Este método aborda o corpo do ator como uma paisagem e as suas
ações, o Tempo. Para ele a composição de imagens em ação gera uma emoção, um
pensamento, uma informação, uma interpretação, tanto por quem faz como por quem
vê o filme. Sua proposta pedagógica inaugura uma verticalização criativa na
relação do ator com o diretor na finalidade de contar uma história fílmica. É
importante acrescentar que, depois de anos dedicados à preparação de elenco,
tanto com atores quanto com não-atores, em filmes no Brasil, Uruguai, Canadá,
Venezuela e Itália, Duurvoort apresentou seu método na renomada Escuela
Internacional de Cine y Televisión de San Antonio de los Banos, em Cuba.
Ficha Técnica
Texto VIRGÍNIA
AUTOR: Tássio Ferreira
DIREÇÃO: Christian Duurvoort
ELENCO.......................................Personagens:
Ariela Goldmann.............................Virgínia
Marina Medeiros............................ Arlete
Lilih Curi......................................... Amália
Milene Haddad............................... Albertina
Priscila Paes.................................... Arminda
Mara Amorim................................. Maria
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
Teatro negro ocupa o Arena 47 anos após Zumbi de Augusto Boal e Guarnieri com Namíbia, Não!
Em: ATORES & BASTIDORES por Miguel Arcanjo Prado
Publicado em 13/12/2012 às 15h58
Teatro negro ocupa o Arena 47 anos após Zumbi de Augusto Boal e Guarnieri com Namíbia, Não!
Por Miguel Arcanjo Prado
No fictício ano de 2016, os brasileiros "de melanina acentuada" são obrigados por um decreto goveranmental a ser deportados de volta à África, de onde seus antepassados foram trazidos escravizados. Este é o argumento da peça Namíbia, Não!, carro-chefe da ocupação do histórico Teatro de Arena, em São Paulo, na mostra Nova Dramaturgia da Melanina Acentuada.
O evento acontece 47 anos depois de Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal escreverem a peça Arena Conta Zumbi, marco da temática negra no teatro nacional. O texto precisou ser escrito por dois descendentes de imigrantes europeus, italianos e portugueses, respectivamente. Agora, eis que o próprio negro toma as rédeas da dramaturgia e da encenação de sua história.
O espetáculo Namíbia, Não! é de autoria do baiano Aldri Anunciação, que além de escrever o texto, contracena com o ator gaúcho Flávio Bauraqui. A direção é do também baiano Lázaro Ramos. Todos negros. A comédia dramática foi um dos destaques do Festival de Curitiba deste ano.
"Negros são invisíveis"
O R7 se encontrou com Aldri e Flávio no hotel onde estão hospedados, na Vila Mariana, em São Paulo, nesta quinta (13). Durante um bate-papo descontraído, Aldri, idealizador da mostra, contou que tudo partiu de uma pergunta feita por uma repórter no Sul do Brasil. Ela questionou por que havia tão poucos autores negros na dramaturgia nacional.
"Na hora, pensei de cara em uns dez nomes, como a mineira Grace Passô, e vi que estávamos invisíveis. Resolvi mostrar a nossa força nesta mostra, onde estão presente 18 autores negros da dramaturgia contemporânea brasileira, além da leitura dramática de dez novos espetáculos".
O debate também está garantido, com dez palestras ao longo da programação. Aldri quer dar amplitude ao discurso artístico do negro. Em sua opinião, o assunto racial não precisa ser foco único: "O negro já é tão estereotipado na atuação. Por que também estereotipar o autor negro?".
No futuro próximo, ele pretende levar a questão para o ambiente acadêmico: "Quando fiz UFBA [Universidade Federal da Bahia] e depois me transferi para a UniRio [Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro] percebi que a academia era carente da história da dramaturgia negra. O único autor negro que estudávamos era o Abdias do Nascimento, e mesmo assim por um viés social e não artístico. Quero levar essa discussão para a universidade".
Negro dono do discurso
Flávio, que já teve atuações destacadas no cinema nacional, como em Madame Satã, afirma gostar de que a peça surja em um momento em que o Brasil discute a situação do negro. O ator é a favor das cotas raciais, assim como Aldri, que mudou de opinião em 2006, depois de ser contra por um tempo.
Os dois concordam que "por enquanto, não há outra saída". Para o gaúcho, "a nova geração tem uma cabeça diferente da anterior para as relações sociais, sexuais e raciais". Ele conta que os estudantes são os mais vibrantes na plateia, o que o faz acreditar que "estamos evoluindo".
Ao dar voz ao discurso do negro no palco histórico do Arena, Aldri recusa o lugar de acusação ou culpa. Mas busca integração: "O probelma racial não é só nosso. Afinal de contas, todo mundo tem melanina", provoca. "Apresentar a peça neste palco é tão especial porque há 47 anos éramos um objeto e agora somos sujeitos com nosso ponto de vista. Fazer Namíbia, Não! e a ocupação da Nova Dramaturgia da Melanina Acentuada no Arena, onde foi encenado Zumbi, é uma inversão de posições. O negro passa a ser o sujeito responsável por seu discurso, que não é segregador, mas de união, porque esse assunto não é só do negro, mas de toda a sociedade".
Namíbia, Não!
Avaliação: Bom
Quando: Quinta a domingo, 20h. Até 17/2/2012 (recesso entre 17/12 e 9/1)
Onde: Teatro de Arena (r. Teodoro Baima, 92, Metrô República, São Paulo, tel. 0/xx/11 3256-9463 )
Quanto: R$ 20
Classificação: 14 anos
Crítica: Namíbia, Não! dá voz ao discurso do negro
Um dos mais comentados textos do recente teatro baiano, Namíbia, Não!, dirigido por Lázaro Ramos, é assinado pelo baiano Aldri Anunciação, que também atua na obra. A dramaturgia do espetáculo é calcada em uma bem construída reflexão sobre o papel do negro na sociedade brasileira.
O conflito desenvolvido ao longo da encenação surge com um decreto governamental promulgado em 2016, que obriga todos os cidadãos brasileiros “de melanina acentuada” – em uma ótima brincadeira aos termos politicamente corretos vigentes – a retornarem a seus países africanos de origem.
Ao receber a notícia, dois primos negros, o aspirante a um cargo no Itamaraty Antonio (Aldri Anunciação) e o estudante de direito André (Flávio Bauraqui), decidem manter-se encarcerados no apartamento onde vivem para evitar a “deportação” obrigatória caso pisem na rua. Tal aprisionamento provoca nos dois reflexões e mudanças de postura diante da situação.
O cenário cria o interior do apartamento clean onde vive a dupla de primos, todo em cores brancas, em um funcional e belo trabalho de cenografia assinado por Rodrigo Frota.
Despido de qualquer referência à moda afro, os modernos e bem cortados figurinos de Diana Moreira servem para dar aos personagens um ar futurista, não deixando de acentuar a subjugação deles aos padrões estéticos ocidentais como forma de sobrevivência e ascensão social. Apesar disso, as roupas são pretas, contrastando com o ambiente branco onde vivem, numa simbologia do discurso da montagem.
Apesar de provocar risadas na plateia em alguns momentos mais espirituosos, o discurso do texto é forte e preciso. Questiona o tempo todo o papel de marginalidade dado ao negro na sociedade brasileira, lembrando desde a violência dos navios negreiros e dos chicotes nas fazendas Brasil afora até o total desamparo social vindo com a Lei Áurea de 1888, que deixou o negro em um lugar marginal dentro da sociedade brasileira.
O espetáculo tem boas contribuições de vídeos e áudios, gravados por uma turma tarimbada que vai de Wagner Moura a Suely Franco e Luis Miranda. Num inventivo recurso da direção, as vozes e os vídeos contracenam com os personagens e ajudam a conduzir a história.
Contudo, a direção de Lázaro Ramos, apesar dos aspectos positivos já mencionados, peca em deixar os atores investirem na caricatura em muitos momentos, fazendo uso de um registro teatral mais infantilizado como forma de sublinhar os momentos mais dramáticos. Bem conduzida e amarrada no começo, a dramaturgia também se perde na parte final do espetáculo, sobretudo com o falso fim, que na verdade se revela ao público como a porta de entrada para a parte mais confusa da peça.
Mesmo diante dessas escorregadas, a obra tem o mérito inquestionável de levar ao espectador uma discussão corajosa e tão necessária em nossa sociedade, que está muito longe de uma utópica igualdade racial e social. Sociedade esta que deixa o negro, muitas vezes, em um lugar desfavorável. Namíbia, Não! exacerba tal situação para levantar o debate.
Veja a programação completa da mostra Nova Dramaturgia da Melanina Acentuada!
Publicado em 13/12/2012 às 15h58
Teatro negro ocupa o Arena 47 anos após Zumbi de Augusto Boal e Guarnieri com Namíbia, Não!
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Flávio Bauraqui e Aldri Anunciação em Namíbia, Não!, com direção de Lázaro Ramos - Foto: Rubens Nemitz Jr./Clix |
Por Miguel Arcanjo Prado
No fictício ano de 2016, os brasileiros "de melanina acentuada" são obrigados por um decreto goveranmental a ser deportados de volta à África, de onde seus antepassados foram trazidos escravizados. Este é o argumento da peça Namíbia, Não!, carro-chefe da ocupação do histórico Teatro de Arena, em São Paulo, na mostra Nova Dramaturgia da Melanina Acentuada.
O evento acontece 47 anos depois de Gianfrancesco Guarnieri e Augusto Boal escreverem a peça Arena Conta Zumbi, marco da temática negra no teatro nacional. O texto precisou ser escrito por dois descendentes de imigrantes europeus, italianos e portugueses, respectivamente. Agora, eis que o próprio negro toma as rédeas da dramaturgia e da encenação de sua história.
O espetáculo Namíbia, Não! é de autoria do baiano Aldri Anunciação, que além de escrever o texto, contracena com o ator gaúcho Flávio Bauraqui. A direção é do também baiano Lázaro Ramos. Todos negros. A comédia dramática foi um dos destaques do Festival de Curitiba deste ano.
"Negros são invisíveis"
O R7 se encontrou com Aldri e Flávio no hotel onde estão hospedados, na Vila Mariana, em São Paulo, nesta quinta (13). Durante um bate-papo descontraído, Aldri, idealizador da mostra, contou que tudo partiu de uma pergunta feita por uma repórter no Sul do Brasil. Ela questionou por que havia tão poucos autores negros na dramaturgia nacional.
"Na hora, pensei de cara em uns dez nomes, como a mineira Grace Passô, e vi que estávamos invisíveis. Resolvi mostrar a nossa força nesta mostra, onde estão presente 18 autores negros da dramaturgia contemporânea brasileira, além da leitura dramática de dez novos espetáculos".
O debate também está garantido, com dez palestras ao longo da programação. Aldri quer dar amplitude ao discurso artístico do negro. Em sua opinião, o assunto racial não precisa ser foco único: "O negro já é tão estereotipado na atuação. Por que também estereotipar o autor negro?".
No futuro próximo, ele pretende levar a questão para o ambiente acadêmico: "Quando fiz UFBA [Universidade Federal da Bahia] e depois me transferi para a UniRio [Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro] percebi que a academia era carente da história da dramaturgia negra. O único autor negro que estudávamos era o Abdias do Nascimento, e mesmo assim por um viés social e não artístico. Quero levar essa discussão para a universidade".
Negro dono do discurso
Flávio, que já teve atuações destacadas no cinema nacional, como em Madame Satã, afirma gostar de que a peça surja em um momento em que o Brasil discute a situação do negro. O ator é a favor das cotas raciais, assim como Aldri, que mudou de opinião em 2006, depois de ser contra por um tempo.
Os dois concordam que "por enquanto, não há outra saída". Para o gaúcho, "a nova geração tem uma cabeça diferente da anterior para as relações sociais, sexuais e raciais". Ele conta que os estudantes são os mais vibrantes na plateia, o que o faz acreditar que "estamos evoluindo".
Ao dar voz ao discurso do negro no palco histórico do Arena, Aldri recusa o lugar de acusação ou culpa. Mas busca integração: "O probelma racial não é só nosso. Afinal de contas, todo mundo tem melanina", provoca. "Apresentar a peça neste palco é tão especial porque há 47 anos éramos um objeto e agora somos sujeitos com nosso ponto de vista. Fazer Namíbia, Não! e a ocupação da Nova Dramaturgia da Melanina Acentuada no Arena, onde foi encenado Zumbi, é uma inversão de posições. O negro passa a ser o sujeito responsável por seu discurso, que não é segregador, mas de união, porque esse assunto não é só do negro, mas de toda a sociedade".
Namíbia, Não!
Avaliação: Bom
Quando: Quinta a domingo, 20h. Até 17/2/2012 (recesso entre 17/12 e 9/1)
Onde: Teatro de Arena (r. Teodoro Baima, 92, Metrô República, São Paulo, tel. 0/xx/11 3256-9463 )
Quanto: R$ 20
Classificação: 14 anos
Crítica: Namíbia, Não! dá voz ao discurso do negro
Um dos mais comentados textos do recente teatro baiano, Namíbia, Não!, dirigido por Lázaro Ramos, é assinado pelo baiano Aldri Anunciação, que também atua na obra. A dramaturgia do espetáculo é calcada em uma bem construída reflexão sobre o papel do negro na sociedade brasileira.
O conflito desenvolvido ao longo da encenação surge com um decreto governamental promulgado em 2016, que obriga todos os cidadãos brasileiros “de melanina acentuada” – em uma ótima brincadeira aos termos politicamente corretos vigentes – a retornarem a seus países africanos de origem.
Ao receber a notícia, dois primos negros, o aspirante a um cargo no Itamaraty Antonio (Aldri Anunciação) e o estudante de direito André (Flávio Bauraqui), decidem manter-se encarcerados no apartamento onde vivem para evitar a “deportação” obrigatória caso pisem na rua. Tal aprisionamento provoca nos dois reflexões e mudanças de postura diante da situação.
O cenário cria o interior do apartamento clean onde vive a dupla de primos, todo em cores brancas, em um funcional e belo trabalho de cenografia assinado por Rodrigo Frota.
Despido de qualquer referência à moda afro, os modernos e bem cortados figurinos de Diana Moreira servem para dar aos personagens um ar futurista, não deixando de acentuar a subjugação deles aos padrões estéticos ocidentais como forma de sobrevivência e ascensão social. Apesar disso, as roupas são pretas, contrastando com o ambiente branco onde vivem, numa simbologia do discurso da montagem.
Apesar de provocar risadas na plateia em alguns momentos mais espirituosos, o discurso do texto é forte e preciso. Questiona o tempo todo o papel de marginalidade dado ao negro na sociedade brasileira, lembrando desde a violência dos navios negreiros e dos chicotes nas fazendas Brasil afora até o total desamparo social vindo com a Lei Áurea de 1888, que deixou o negro em um lugar marginal dentro da sociedade brasileira.
O espetáculo tem boas contribuições de vídeos e áudios, gravados por uma turma tarimbada que vai de Wagner Moura a Suely Franco e Luis Miranda. Num inventivo recurso da direção, as vozes e os vídeos contracenam com os personagens e ajudam a conduzir a história.
Contudo, a direção de Lázaro Ramos, apesar dos aspectos positivos já mencionados, peca em deixar os atores investirem na caricatura em muitos momentos, fazendo uso de um registro teatral mais infantilizado como forma de sublinhar os momentos mais dramáticos. Bem conduzida e amarrada no começo, a dramaturgia também se perde na parte final do espetáculo, sobretudo com o falso fim, que na verdade se revela ao público como a porta de entrada para a parte mais confusa da peça.
Mesmo diante dessas escorregadas, a obra tem o mérito inquestionável de levar ao espectador uma discussão corajosa e tão necessária em nossa sociedade, que está muito longe de uma utópica igualdade racial e social. Sociedade esta que deixa o negro, muitas vezes, em um lugar desfavorável. Namíbia, Não! exacerba tal situação para levantar o debate.
Veja a programação completa da mostra Nova Dramaturgia da Melanina Acentuada!
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
ÚLTIMO FINAL DE SEMANA DE NAMÍBIA, NÃO EM SÃO PAULO ANTES DO FIM DO MUNDO
Acompanhe a programação do Nova Dramaturgia da Melanina Acentuada no Teatro de Arena Eugênio Kusnet antes do fim do mundo. Se ele não acabar, só em 10 de janeiro de 2013. Vai correr esse risco?
12/12 - palestra "Assinatura e Autoria do Negro na Dramaturgia Brasileira" com a Profª Drª Evani Tavares - UFBA - 19h
13 à 16/12 - espetáculo Namíbia, Não!, direção de Lázaro Ramos com Flávio Bauraqui e Aldri Anunciação, texto de Aldri Anunciação - 20h
19/12 - abertura do ciclo de Leituras Dramáticas de textos inéditos de autores negros com o texto: 'Virgínia' de Tássio Ferreira com direção de Christian Duuvoort - 19h
12/12 - palestra "Assinatura e Autoria do Negro na Dramaturgia Brasileira" com a Profª Drª Evani Tavares - UFBA - 19h
13 à 16/12 - espetáculo Namíbia, Não!, direção de Lázaro Ramos com Flávio Bauraqui e Aldri Anunciação, texto de Aldri Anunciação - 20h
19/12 - abertura do ciclo de Leituras Dramáticas de textos inéditos de autores negros com o texto: 'Virgínia' de Tássio Ferreira com direção de Christian Duuvoort - 19h
segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Não deixe de acompanhar o que o Melanina Acentuada reservou até abril.
Profª.Drª Evani Tavares (UFBA).
Pós-doutoranda
em Artes Cênicas junto ao PPGAC - UFBA, como bolsista Capes - PNPD.
Projeto: CONTRIBUIÇÕES DA PERFORMANCE NEGRA PARA O TEATRO BRASILEIRO. É
doutora em Artes pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) –
2010. Mestre em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia, (UFBA)
- 2002. Bacharel em Artes Cênicas - Interpretação teatral, pela
Universidade Federal da Bahia – 1993. Bolsista de intercâmbio Fulbright
(University of Michigan - EUA), 2007-2008. Bolsista de doutorado do
Programa Internacional de Bolsas de Pós-graduação da Fundação Ford (IFP)
- 2006-2009. Autora de “Capoeira Angola como Treinamento para o Ator”,
2008.
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
As Influências Estéticas da Dramaturgia Negra no Brasil - Abre ciclo de paletras no Teatro de Arena Eugênio Kusnet
Quarta-feira, dia 05 de dezembro de 2012, o projeto Nova Dramaturgia da Melanina Acentuada, abre o ciclo de Palestras-Debates com o Professor Dr. Julio Moracen Naranjo (UNIFESP) que abordará o tema: As influências estéticas da dramaturgia negra no Brasil.
Julio possui graduação em Licenciatura em Artes Cênicas pelo Instituto Superior de Arte de Havana, Cuba (1996), fez especialização em Antropologia na Universidade da Havana e na Universitá Degli Studi Sapienza, Roma. Concluiu o doutorado em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo em 2004. É investigador associado ao Centro de Teatro y Danza de la Havana e Professor de História e Patrimônio Imaterial na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
Julio possui graduação em Licenciatura em Artes Cênicas pelo Instituto Superior de Arte de Havana, Cuba (1996), fez especialização em Antropologia na Universidade da Havana e na Universitá Degli Studi Sapienza, Roma. Concluiu o doutorado em Integração da América Latina pela Universidade de São Paulo em 2004. É investigador associado ao Centro de Teatro y Danza de la Havana e Professor de História e Patrimônio Imaterial na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
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